Os dias têm
estado quentes, mas hoje havias algumas nuvens e
um vento fresco, parecia um bom dia para um
passeio.
Já percorri
todas as aldeias e tenho fotografias de todas
elas mas ainda me falta falar de quatro delas.
Decidi ir em direcção a S. Pedro da
Silva e Granja, mas desta vez passando por Vilar
Seco.
Saí em
direcção em Malhadas, passei
Genísio e cheguei rapidamente a Vilar Seco.
Já conhecia vagamente a aldeia. Há uns
oito anos atrás tirei mesmo fotografias a
algumas janelas antigas nesta aldeia. Subi à
igreja e dei um passeio por algumas ruas mas
não todas. Começava a germinar na minha
cabeça uma grande aventura e precisava de
aproveitar o tempo.
Há saída de
Vilar Seco notei um movimento estranho junto ao
parque de merendas na Ribeira de Vilar Seco.
Havia aí várias viaturas da GNR.
Também desci à represa e presencial um
espectáculo triste. Todos os peixes estavam
mortos. Grande quantidade de peixes pequenos mas
havia alguns com mais de 30 cm de comprimento
pesando muito mais de 1,5 kg. Não quis
intromete-me no trabalho das forças da ordem
pás pude aperceber-me que pelo menos se
suspeitava que alguém tivesse contaminado a
água com a lavagem de fossas.
Parti em
direcção a S. Pedro da Silva onde comi
a minha parca merenda. Depois de 10 minutos
sentado e refrescado com quase um litro de
água fiz mais uma visita à igreja. Ao
Sábados tenho quase sempre sorte com as
igrejas porque é o dia em que normalmente
mudam as flores e, além de encontrar a porta
aberta, encontro pessoas que gostam de falar da
sua terra.
Parti para a Granja.
Desta vez decidi fazer o caminho inverso do que
tinha feito na última visita a 22 de Abril
de 2006. Desci à aldeia pela estrada e
depois subi por um caminho até à capela
de Santa Ana. Na passagem rápida pela Granja
pude aperceber-me que as ruas estão
finalmente compostas, alcatroadas de fresco. A
aldeia tem agora outra graça. Também
visitei a igreja, onde a sr. Lurdes, viúva e
com muita vontade de conversar, me apresentou os
santos um a um e me falou dos párocos que
passaram pela freguesia. Brevemente será a
festa da padroeira da Granja de Silva, Santa
Marinha.
Subi à capela de
Santa Ana e decidi que hoje era o dia da
aventura! Empurrei a bicicleta de novo em
direcção ao Concelho de Vimioso e parti
à descoberta de Uva e Mora. Desconhecia
essas localidades por completo, nem mesmo de
carro, nunca tinha passado por estas
paragens.
Foi uma
agradável surpresa! Uva cativou-me. A aldeia
tem recantos muito bem cuidados e recuperados
sendo evidente muito trabalho recente na
valorização dos espaços. O calor
já apertava, aproveitar para despejar
algumas garrafas de água pela cabeça
abaixo e explorar um pouco a aldeia. Foi sem
dúvida a meu momento alto do dia em
fotografia.
Segui para Mora. O
lugar é pequeno mas parece já ter sido
uma aldeia grande. Um casal de idosos teve pena
de mim e ofereceram-me uma cerveja ou um copo de
vinho. Pena que me assustava o caminho ainda a
percorrer senão bem tinha aceitado. Pela
oferta, pela necessidade que tinham de falar e
pelo prazer que eu teria em os ouvir. A água
não corria nas torneiras, pelos vistos havia
alguma avaria na rede.
O desafio maior
estava para chegar – subir até
Teixeira. Subi uma pequena encosta à
saída de Mora e depois encontrei uma descida
bastante grande que percorri a grande velocidade.
A minha alegria terminou onde encontrei o Rio
Angueira. Aproveitei para refrescar de novo a
cabeça para me dar alento para a enorme
subida até Teixeira. O sol queimava e a
subida nunca mais acabava. Tive que descer da
bicicleta e seguir calmamente, a pé, mesmo
até Teixeira. Parei duas ou três vezes
à sombra das árvores para respirar um
pouco de ar fresco. Em todos os passeios que fiz
até ao momento nunca a minha
respiração e circulação se
aceleraram tanto.
Aproveitei para me
refrescar completamente. Na minha visita a
Teixeira a 25 de Março de 2006 descobri uma
ligação de água a uma casa, onde
faltava o contador e de onde a água jorrava
fresca depois de abrir o passador. Praticamente
tomei banho. Só não molhei os
calções porque com a
transpiração tal já não era
preciso. Senti-me melhor.
Parti para a Atenor,
agora já conhecia o caminho. Tinha andado
pouco mais de um quilómetro quando comecei a
ouvir o assobio do ar que abandonava a roda
traseira da bicicleta. Os meus receios
concretizaram-se, perdi a roda traseira. Era
desta que precisava do “carro de
apoio”. Procurei o telemóvel mas
não tinha rede. E agora? Teixeira estava
mesmo ali, mas era para trás! Até
Atenor ainda tinha que andar bastante. Comecei a
a caminhar ao longo da estrada. De repente ouvi o
motor de um carro, olhei. Será uma carinha?
Era!. Recordei os gestos de adolescência e
estiquei a mão. Um senhor, agricultor, pediu
desculpa pela desarrumação da carrinha!
Contrapus que a carrinha tinha quatro rodas e que
eu tinha duas estava agora reduzido a uma. Ia
para Palaçoulo – pois que assim
seja.
Em Palaçoulo
não resisti a uma cerveja fresca na
Associação, agora já sabia que
tinha que voltar a Miranda de carro. Telefonei
para casa a pedir apoio e fui subindo até ao
centro de Palaçoulo. Nesse trajecto
encontrei alguns amigos. Prontificaram-se a
levar-me à oficina ou a remendar-me a
câmara de ar, mas eu não confiava mais
naquele pneu que apresentava já muito mau
aspecto. Sentei-me a conversar com alguns
residentes enquanto não chegou o meu
“carro de apoio” que conduziu a mim e
à minha bike a Miranda. O sol
continuava a queimar e quase agradeci o pneu
ter-se furado.
Ao fim do dia fui
comprar um novo pneu e uma nova
câmara-de-ar. Montei-o e fui na bicicleta
tomar um café. Estamos de novo
prontos…