Hoje o
percurso não estava planeado foi uma aventura. O Rafael
estava ocupado e ainda bem porque eu pretendia
aventurar-me por localidades e distâncias que me parece
estarem para além daquilo que a sua roda 20 lhe permite.
Saí depois de
almoço, pouco depois das 13, em direcção a Fonte da
Aldeia. A partir daí não havia planos.
Parei em Duas
Igrejas para tomar um café e troquei dois dedos de
conversa com a dona do Café. Contou-me, em poucas
palavras, como eram os tempos áureos de Duas Igrejas.
Falou-me da linha do comboio, dos dias de feira em que
vendia mais de 3 grades de cerveja. Recordou quando a
Escola Primária tinha 2 professoras, mais de 40 alunos e
desfiou o nome das professoras à época. Depois voltou à
actualidade. Queixou-se de ter o café às moscas, dos
casais que têm poucos ou nenhum filho e da aldeia que
vai definhando pouco a pouco.
Acordei, da
conversa (com pena) e segui viagem até Fonte da Aldeia.
Aí, provoquei um idoso montado num burro branco,
perguntando-lhe se o burro era de Raça Mirandesa.
Provou-me que os anos não lhe tiraram o bom-humor e
respondeu-me que não o viu nascer. Muito simpático,
indicou-me o caminho que necessitava de seguir para ir
para Prado Gatão. Eu desconhecia completamente essa
estrada. Depois de avistar Prado Gatão comecei a
delinear o resto do percurso.
Dei o habitual
passeio pelas ruas da Prado Gatão e visitei a igreja
onde fui recebido com desconfiança por duas idosas que
procediam a mudança das flores. Conversei um pouco com
elas e puseram-se à-vontade. Falaram-me das obras de
restauro do telhado, da pintura da parede e dos santos
nos altares.
Desci de novo a
aldeia em direcção a Palaçoulo. O dia estava soalheiro,
mas, ao tomar esse caminho fiquei um pouco inquieto. Na
fazia ideia do que me esperava, quer em quilómetros quer
em dificuldades. Visitei Palaçoulo, Águas Vivas, São
Pedro da Silva e depois "acelerei" em direcção a Miranda
antes que a noite me surpreendesse na estrada. Os
pormenores contá-los-ei noutra altura.
Aníbal Gonçalves
Prado Gatão