Este dia de Portugal não
amanheceu com muito boa cara. Um vento fresco com
bastantes nuvens que foram dissipando ao longo da
tarde.
Parti por volta das 10 e
o objectivo era Atenor. Na minha passagem por esta
aldeia em 25 de Março já se tinha esgotado a bateria
da máquina fotográfica e, apesar de ter dado um
passeio pela aldeia, não fiz os registos
fotográficos que pretendia.
É um quebra-cabeças
descobrir o melhor percurso para Atenor. Sendim,
Palaçoulo ou Prado Gatão? Decidi arriscar Prado
Gatão.
Logo à saída de Miranda
fiz a primeira paragem. O calor do sol já fez o seu
efeito e o manto floral que cobria grande parte das
encostas deu lugar a um manto de ervas secas
predominando agora os tons pastel. Depois de
fotografar tudo o que havia para fotografar ao longo
do Inverno e da Primavera, já tudo está diferente e
apetece fotografar de novo.
Ao chegar a Fonte
d’Aldeia o céu atingiu o pico da sua beleza. Um azul
escuro contrastando com as nuvens muito brancas.
Perdi alguns (muitos) minutos procurando
enquadramentos interessantes contrariando os largos
horizontes que aí existem.
Por sorte passei junto à
igreja. A porta estava aberta e decidi entrar.
Enfeitavam-se os andores para a festa do dia
seguinte, à Santíssima Trindade. Fui convidado a
voltar no dia seguinte. Já ouvi as histórias dos
ajustes de contas que se faziam entre as gentes de
Palaçoulo e de Prado Gatão, por altura desta Festa.
Há pouco tempo tive o prazer de estar junto da
capela e o ambiente é muito agradável mas talvez não
em dia de festa.
Pedalei até Prado Gatão.
Entrei no café e pedi informações sobre possíveis
caminhos que me levassem a Atenor. Havia vários
caminhos mas nenhum mereceu a unanimidade dos
presentes. Parti seguindo as indicações, mas,
algures a meio do percurso, o caminho desapareceu.
Via ao longe Atenor numa direcção e Prado Gatão
noutra. Felizmente o mato não era muito abundante.
Depois de atravessar alguns terrenos encontrei um
lavrado de fresco, de onde partia um caminho que
decidi seguir. A opção resultou. Pouco tempo depois
estava numa ponde recente que atravessa um ribeiro,
antes de chegar a Atenor.
Já conhecia a aldeia.
Fui à Associação onde comprei uma garrafa de água
fresca. Depois, andei mais um pouco para ver uma
capela e um pasto onde a Associação para o Estudo e
Protecção do Gado Asinino guarda alguns burros de
raça mirandesa.
Desci até á igreja e
pus-me a comer o lanche, calmamente sentado num
branco, à sobra de um chorão. Alie perto está um
ninho de cegonha já com os filhotes bastante
crescidos.
Depois de saciar a fome
e a sede subi ao campanário, desci e entrei na
igreja. É pequena mas muito bonita. Os dourados
contrastam com cores vivas. No altar principal a cor
ouro e azul fazem um conjunto harmonioso. Em todos
os altares havia flores naturais de muitas formas e
cores.
Percorri mais algumas
ruas. Um tanque que estava mais ou menos no centro
da aldeia aquando da minha primeira visita tinha
sido removido.
Saí em direcção a Sendim.
A vista da aldeia, para quem se vai afastando, é
muito agradável mas o céu já não estava muito
fotogénico. Mesmo assim, tirei bastantes
fotografias.
Cheguei a Sendim
bastante descansado. Depois de um curto passeio,
mais uma passagem por Fonte d’Aldeia. Já se montava
o conjunto para uma arraial animado. A minha entrada
na Associação chamou a atenção sem eu perceber
porquê. Quando cheguei a casa descobri a razão. O
sol de Junho queima. Tudo o que não estava
protegido, cara, braços e pernas, ostentavam a cor
do camarão. Nas próximas saídas terei que ter muito
mais cuidado com o sol.
Aníbal Gonçalves